Em “Educação e museus: sedução, riscos e ilusões” Ulpiano Bezerra de Menezes trata das conformações comuns nos processos de educação em museus, da expografia (ou não-expografia) às tecnologias visuais agregadas a hiper exposições, Ulpiano reflete sobre as práticas e dispositivos educacionais dos museus brasileiros, a partir de sua experiência como museólogo e educador.
Inicialmente abordando a quebra do lugar comum do “resgate” da memória, esta sendo conceituada como processo que se dá no presente, e da identidade, tida como imutável . Tais fenômenos são, para Ulpiano, tanto aspectos intrínsecos ao desenvolvimentos da ideia de eu, sociedade, ou grupo; quanto ferramentas que, aliadas à uma noção de história como processo aberto, constituem o aprender a fazer história. Destaca também necessidade de o museu ter um padrão de acessibilidade, e até eficiência em suas apresentações e textos.
Ao separar a informacionalidade da formação nos museus, o autor traça a importância de o museu estimular a formação crítica, frente à disponibilidade de recursos expositivos que divertem sem trazer à tona os saberes relevantes ao assunto. Tendo em vista os living museums, e outros “dispositivos educacionais” em que a interatividade, se presente e relevante ao assunto, é limitada a reações específicas de estímulos limitados; se perde o vínculo com o estranhamento necessário ao conhecimento.
No que tange ao objeto como dispositivo educacional, a declaração do museu como instituição compromissada com a cultura material e sua preservação, é, para Ulpiano, uma articulação explorada de maneira limitada, na educação sobre o objeto, em vez de com o mesmo. Faz ainda uma ressalva sobre as limitações que são os “museus sem acervo”, declarando a incompletude da experiência, por exemplo histórica, sem a ver materialmente. Analisando as técnicas de ensino televisivas e virtuais e as possibilidades de virtualizar o museu, declara que estas empobrecem a relação com o fenômeno museu, fugindo ao potencial da experiência pessoal.
Dentro do recorte proposto, o autor conclui que a formação crítica, a formação de conhecimento, a especificidade na cultura material, e a regência de tais parâmetros às técnicas educacionais, são ideias necessárias para se educar em um museu.
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